quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Carro Pesado - João Mulato/João Miranda




"Quando um dia o carro de minha vida finalmente afundar no lamaçal do tempo,
 Quero que o meu carro esteja pesado... Não de medos, não de mágoas e nem de ressentimentos...
Quero que ele esteja pesado por estar cheio de lembranças
 e mesmo na dureza deste momento que ele transborde de paz... e de esperança..."
                                                         
                                                                                                                                Elsio Poeta

Maravilhosa homenagem de João Mulato e João Miranda ao nosso "Inesquecível" Tião Carreiro, que cateretê lindo, de dar nó na garganta... Tanto letra como melodia,,, perfeitas...
Obrigado..! Compadre João Mulato.... Obrigado..! Compadre João Miranda..!



PS: Agradecimentos ao Compadre João Vilarim pela disponibilidade da letra



terça-feira, 30 de agosto de 2016



Compadres e Comadres todos os links foram atualizados... Desfrutem..!


sábado, 27 de agosto de 2016

NOS BRAÇOS DA SAUDADE (José Fortuna/Sulino)



Tulio Dias - Fazenda Mineira


Mais uma obra-prima de dois poetas e músicos que dispensam  comentários, não dá pra acreditar que uma obra deste quilate seja tão pouco conhecida. Poesia soberba num rasqueado divino, é pra escutar e ficar meditando na vida, como tudo passa tão rapidamente sem nos apercebermos disto e quando a velhice nos alcança, cravando em nós o punhal da saudade, só nos resta adormecer nos braços azuis da lembrança....

Na sombra da noite calma quando tudo está silente,
os olhos do pensamento, nos convida amavelmente,
para ver coisas que ha tempo de nossa mente fugiu
e a gente não acredita que aquilo já existiu...

Coisas distantes deixadas, eles sabem onde se escondem,                                           
e nos mostra bem direitinho, como foi o anteontem...
e naquele doce enlevo, nas imagens que são  refletidas,
sonhando acordado vemos as passagens de nossa vida...

Nós vemos nossa mocidade que ficou despedaçada,
os amores que já tivemos na curva da longa estrada,
em nosso rosto nós vemos batom e sinais de dentes,
marcas que foram deixadas por quem nos quis loucamente...

Mais além nós avistamos a nossa querida infância,
a escolinha onde estudamos, nos bons tempos de criança.
Nós vemos nossa inocência tão pura igual a fonte
a pensar que o fim do mundo era ali no horizonte...

Nós vemos os campos floridos, a casinha onde moramos,
as águas do ribeirão, onde felizes banhamos....
Com dez sabugos de milho imitando  juntas de boi,
nos vemos lá no terreiro, brincando de carro de boi...

E nessa divagação, a nossa mente se cansa
e para pra descansar no céu azul da lembrança...
neste instante o sono chega, e tudo se desvanece,
e nos braços da saudade, chorando a gente adormece...

Baixe com Sulino, Amarito e Douradense


segunda-feira, 7 de maio de 2012

Sucessos de Ademar Braga & Parceiros

O Compadre Ademar Braga, entrou em contato comigo e gentilmente me enviou esta "Preciosidade de CD".
O Caboclo é bom de Pena, olha só quanta coisa boa ele compôs.
Veja os dados biográficos deste autor no site do Compadre Ricardinho

Obrigado Compadre Ademar, a família sertaneja agradece!

PS - Compadre, desculpe-me pela demora em postar.


                                                                     


                                                       Baixe esta maravilha, clique aqui



domingo, 6 de maio de 2012

Sonho de Caboclo - Ademar Braga/Tião do Carro





Essa Moda é divina. Parece que você está vendo um Filme. Ela transpira "Simplicidade Cabocla" .
Ao escutá-la você consegue sentir toda a ansiedade do caboclo esperando a chegada de sua amada., e no final, dá até para sentir a tristeza e a frustração do infeliz matuto por ela não ter vindo.LINDA!
Obrigado, Comp. Ademar! E aonde você estiver, obrigado Comp. Tião!



Fiz um poema com palavras tão bonitas
Caprichei bem na escrita, também fiz um canção
Fui no jardim, colhi as flores mais belas
Margaridas amarelas e a rosa branca em botão

Com muito gosto arrumei nossa casinha
Da sala até a cozinha e carpi todo o quintal
Rocei o pasto e consertei a porteira
Enfeitei a casa inteira como se fosse o Natal

Lá na varanda amarrei de novo a rede
Pendurei bem na parede o quadro da Santa Ceia
No chão da sala todo de terra batida
Dei uma boa varrida e não ficou um grão de areia

Na nossa cama pus a colcha de piquê
Com as beiradas de crochê que você fez tudo a mão
Troquei as folhas com capricho e muito esmero
As penas do travesseiro e palhas novas no colchão

Chegou o dia que você ia voltar
Eu cheguei até chorar de tanta felicidade
Levantei cedo e me arrumei com muito zelo
Reparti bem o cabelo que nem gente da cidade

Botina nova que me apertava um pouco
Calça de Brim arranca-toco e bigode bem aparado
De lenço branco, camisa preta de lista
Eu parecia um artista daqueles bem afamado

E bem na hora que passava a jardineira
Me deu uma tremedeira quando a porteira bateu
Saí correndo lá pras bandas da estrada
Pra ver a sua chegada e você não apareceu

A jardineira foi sumindo no estradão
Levando a minha ilusão e a tristeza que ficou
Foi só um sonho, sentei na cama chorando
Hoje está fazendo um ano que você me abandonou


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sexta-feira, 15 de maio de 2009

Tatu Não Dorme na Praça - Elsio Poeta


Aos nossos "neo-sertanejos":

"Dormir na praça" nem sempre é bom negócio. O banco é duro, o frio, congelante...Fora, aqueles "guardinhas" chatos com seus cassetetes intrusivos, batendo no nosso traseiro e toda hora mandando a gente "circular".
Por favor, despertem! Pois o tempo passa, o sucesso também e o dinheiro não compra um lugar na memória dos que no futuro escutarão músicas tão ruins como essas que vocês cantam agora.
Façam que nem o Tatu, esse sim é um bichinho esperto:



Tatu não dorme na praça,
Quem dorme é gato carrapicho,
Que mia desafinado,
Rasgando os sacos de lixo.

Tatu não dorme na praça,
Quem dorme é cachorro sem dono,
Que fica latindo pra lua,
Tirando-nos as horas de sono.

Tatu não dorme na praça,
Quem dorme é rato escroto,
Que fica roendo tranqueira,
Pra depois correr pro esgoto.

Tatu não dorme na praça,
Quem dorme é cobra, é serpente,
Que fica acoitada na moita,
Querendo dar o bote na gente.

Tatu não dorme na praça,
Quem dorme na praça é timbu,
Que fica exalando mau cheiro,
Catingando mais que urubu.

Tatu não dorme na praça,
Tatu é um bichinho matreiro,
Tatu dorme no ventre da terra,
Tendo raízes por travesseiro...



quinta-feira, 14 de maio de 2009

Brinquedo de Criança - Ten. Wanderley/Dino Franco


Se os nossos "neo-sertanejos" escrevessem modas românticas como essa, com certeza, nós, amantes da nossa música raiz, respeitaríamos mais seus trabalhos, mas, infelizmente não é o caso, eles continuam "Dormindo na Praça".rs
Esta bela guarânia fala sobre um amor precipitado e sobre suas tristes consequências: "Um brinquedo de criança, que de frágil, se quebrou..."
Obrigado, Ten. Wanderley! Obrigado, Dino Franco!



Eu quando penso que jogamos tudo fora,
E que você já foi embora, esquecendo nosso lar.
Me mortifico, sinto ódio de mim mesmo,
Por dizer coisas a esmo e depois ter que chorar,
Mas quando penso que você também errava,
Que as vezes me evitava, me deixando pra depois.
Eu que padeço e a amo loucamente,
Lhe condeno de repente, tendo ódio de nós dois.

Quantas pessoas que torciam pela gente,
Nossos amigos ou parentes vêm falar-me sobre nós,
Eu me envergonho arrasado moralmente,
Um soluço finalmente, vem calar-me a própria voz.
Tudo por causa desse amor tão imaturo,
Que apressou nosso futuro, e a nós todos enganou.
Amor loucura, sem juízo ou esperança,
Um brinquedo de criança, que de frágil se quebrou...

Quando me dizem que você quase não come,
E que só fala em meu nome, e não se esquece de mim.
Eu quase morro de angústia e sofrimento.
Me pergunto em pensamento:_Como pode ser assim..?
Que contra-senso esse amor de adolescentes,
Que por ser inconsequente, pela vida se perdeu.
Plantinha triste que nasceu na primavera,
Mas fraquinha como era, vicejou...mas não cresceu.


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Eu e Meu Pai - Vicente Dias


Considero esta moda uma verdadeira obra-prima, linda...Tanto a letra como a música. Obrigado Vicente Dias!





Olha lá o meu pai, com as mãos calejadas,
Perdendo seu resto de vida, no cabo da enxada.
Eu não queria que fosse assim, pra mim seria tudo diferente,
Queria ter meu pai na cidade, morando alegre, junto da gente.

De que vale ter diploma, ter conforto, ter de tudo...
Se eu não posso ter em casa, ele que me pôs no mundo,
Estudei por tantos anos, para tirá-lo daqui,
Meu esforço foi em vão, porque ele não quer ir.

Quando é de madrugada e o dia vem chegando,
Ele escuta seu despertador no poleiro cantando,
Ele chama seu melhor amigo, que sai latindo e correndo na frente,
E vem pro trabalho pesado, aqui debaixo desse sol ardente.

Nesse carro eu me vejo bem vestido e perfumado,
Sofro tanto vendo ele de suor todo molhado,
Olha a condução do velho, numa corda amarrada,
Olha a geladeira dele, lá na sombra encostada.

Quando é de tardezinha vai pra sua casinha,
Comer seu feijão com arroz feito no fogão à lenha,
E na sua poltrona de angico, ele vai sentar comovido,
E na tela maior do mundo, ele contempla seu filme preferido.

Na televisão do velho, não tem filmes de bandido,
Não tem filmes policiais, e nem filmes proibidos.
No canal do infinito, sua TV é ligada,
Só aparecem as estrelas e a lua prateada.

Olha lá o meu pai...


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domingo, 10 de maio de 2009

Homem de Pedra - Correto/Creone

Linda letra e música, só sendo de pedra para não se emocionar com ela. Obrigado, Correto! Obrigado, Creone!



Já fui um grão de areia, todos pisavam em mim,
Agora resolvi tomar uma decisão,
Não sou mais grão de areia, virei uma pedra bruta,
De pedra transformei também o meu coração.

De pedra muito dura fiz pra sempre meu destino,
De aço construí minha imaginação,
O pranto dos meus olhos para sempre envenenei,
Pra matar seu orgulho e a sua traição.

Sou um homem de pedra e não penso mais em nada,
Foi o meu sofrimento que me fez ficar assim,
Não amo mais ninguém e não quero ser amado,
E agora desse jeito quero ver quem pisa em mim...

Refrão:

Homem de pedra, que não tem mais compaixão,
Não tem alma, não tem nada, nem amor, nem ilusão...
E só assim silenciou meu sofrimento,
Sou agora uma estátua sem abrigo no relento...



sábado, 9 de maio de 2009

Velho Poeta - Zacarias Falseti/Benedito Falseti/Jesus Belmiro

Que bela Moda de Viola! Deus abençoe a todos "Poetas Sertanejos" e a todos que sabem dar o valor que esses artistas merecem. "E a Deus faço mais um pedido:Proteja quem lê poesia seleta, pra esse poeta não ser esquecido... "



Vou fazer um pedido a Deus,
Pra de mim ele ter piedade,
Refazendo voltar ao presente,
meu passado de felicidade,
A esperança da minha infancia
E os prazeres da mocidade,
Porque hoje meu corpo cansado,
Não suporta o peso da idade,
Sou a curva do rio que secou,
Aonde encostou a ingrata saudade.

Passo os dias na minha cabana,
Na soleira da porta sentado,
Relembrando as proesas que fiz
E o chão que por mim foi pisado,
Meus cabelos já parecem paina
E tem gente que acha engraçado,
Falam que minha pele enrugada
Representa o mapa do estado...
Cada risco que tenho no rosto,
Retrata o desgosto que tenho passado.

Se meu Deus não poder devolver,
O meu tempo feliz de outrora,
Me levava, bem longe de mim,
A tristeza que eu sinto agora,
E trazer novamente alegria,
Para o meu pobre peito que chora,
Eu confesso com toda franqueza,
Que do mundo prefiro ir embora...
De joelho eu peço perdão...
E me dê sua mão ao chegar minha hora.

Nesta grande batalha da vida,
Reconheço que estou vencido,
Na trincheira da desilusão,
Solitário estou escondido,
Aos amigos eu peço desculpa,
Se por mim alguem foi ofendido,
Os meus versos eu deixo gravado
E a Deus faço mais um pedido:
Proteja quem lê poesia seleta,
Pra esse poeta não ser esquecido...

Baixe e escute com Eli Silva & Zé Goiano - Clique aqui


sexta-feira, 8 de maio de 2009

Exemplo de Humildade - Dino Franco/Tião Carreiro

Quantos erros cometemos nessa vida, causados por nossos pré-julgamentos e preconceitos. Obrigado, Dino Franco! Obrigado, Tião Carreiro! Por essa "aula de vida", pois esta nossa existência não passa de "uma grande lição de humildade".


Eu entrei num restaurante pra tomar uma cerveja,
Quando um tipo que andeja encostou-se no balcão.
Apesar de maltrapilho pareceu-me inteligente
E pediu humildemente uma batida de limão,
Mas eu tive uma surpresa, no copeiro mal criado,
Quis dinheiro adiantado, para depois atender...
E o rapaz interiorano, dando provas de humildade,
Satisfez uma vontade, absurda no meu ver...

O patrão que estava perto, deu razão ao empregado,
Cabisbaixo e humilhado, o mendigo se serviu...
Demonstrando crueldade, o dono do restaurante,
De maneira arrogante, resmungando prosseguiu:
_Eu de fato me aborreço, com freguês pés de chinelo...
E pegando um parabelo, exibiu, depois guardou...
E o rapaz de olhar manso nada disse mas sentiu,
outra dose ele pediu, mas... primeiro ele pagou.

_Trinta e dois dias de viagem, é uma longa caminhada,
Aparecida do Norte, era o fim dessa jornada...

Nessa altura no recinto havia bastante gente
Com pena do indigente, que muito calmo falou:
_Se eu estou sujo e rasgado é de tanto caminhar,
Porque preciso pagar alguém que me ajudou,
Eu vi minha mãe doente de um mal quase sem cura
E com essa desventura pressenti a fria morte,
Então a Deus fiz um pedido e o milagre foi tão lindo,
E é por isso que vou indo à Aparecida do Norte.

Concluindo essas palavras deixou bem claro a lição,
Para os dois deu um cartão com as suas iniciais.
_Sou um forte criador de gado raça holandesa,
Além de outras riquezas que tenho em Minas Gerais.
Pelo meu tipo de andante, eu aqui fui maltratado,
Mas eu fico obrigado, pela falta de atenção.
Os senhores desta casa, não souberam me atender,
Quando deveriam ter um pouco mais de educação...

Baixe e escute com Eli Silva & Zé Goiano - Clique aqui


quarta-feira, 6 de maio de 2009

Juramento Quebrado - Carreirinho/Sulino


Essa moda eu posso escutar 1.000 vezes, que 1.000 vezes eu me emociono. Obrigado, Carreirinho! Obrigado, Sulino!


Adeus oh, minha terra querida, nunca mais ai hei de voltar,
Cada vez quero estar mais distante, meu passado eu nem quero lembrar
Um alguém que tanto eu amava me deu o desprezo pra me ver penar,
Eu jurei de todo coração não ir mais pra lá nem pra passear,
Sinto só deixar uma pessoa tão santa e tão boa naquele lugar, ai...

Eu já tenho sabido notícias, de pessoas que chegam de lá,
Minha velha me manda recado e pedindo para mim voltar,
Desde o dia da minha partida a pobre velhinha só vive a chorar,
Seus cabelos já estão branquinhos, a coitada sofreu tanto pra me criar,
_Minha mãe, eu sou um filho infeliz, juramento que eu fiz, eu não posso quebrar, ai...

Eu já percorri terras estranhas, já sofri como um filho sem pai,
Tô sofrendo talvez por destino... e assim nós dois sofremos iguais,
Sei que estou cometendo um pecado, judiar de uma mãe isso nunca se faz,
Mas não quero ser um criminoso por um passado que tão longe vai,
Na cidade a minha mãe não vem e por causa de alguém, eu lá não volto mais, ai...

Certo dia recebi um recado, francamente fiquei comovido,
Minha mãe tava muito doente, pra mim foi um golpe dolorido.
Foi que quebrei o meu juramento e voltei lá pra casa, muito aborrecido,
Na estrada encontrei um enterro, pra um perguntei:_Quem que tinha morrido?
_É Sua mãe que vai nesse caixão e deixou uma benção pra seu filho querido, ai...

Baixe ela e escute com Sulino & Marrueiro - Clique aqui


Mágoa de Boiadeiro - Índio Vago/Nonô Basilio

O que falar desta moda..? Uma verdadeira obra-prima que retrata tristemente a decadência de uma geração de verdadeiros heróis brasileiros: A Geração de Boiadeiros.


Antigamente nem em sonho existia
Tantas pontes sobre os rios, nem asfalto nas estradas
A gente usava quatro ou cinco sinueiros,
Pra trazer o pantaneiro no rodeio da boiada.
Mas hoje em dia tudo é muito diferente,
Com progresso, nossa gente, nem sequer faz uma idéia,
Que entre outros fui peão de boiadeiro
Por esse chão brasileiro, os heróis da epopéia...

Tenho saudade de rever nas corrutelas
As mocinhas nas janelas acenando uma flor,
Por tudo isso, eu lamento e confesso
Que a marcha do progresso é a minha grande dor.
Cada jamanta, que eu vejo carregada,
Transportando uma boiada, me aperta o coração,
E quando eu olho minha tralha pendurada,
De tristeza dou risada, pra não chorar de paixão.

O meu cavalo, relinchando pasto a fora,
Que por certo também chora na mais triste solidão,
Meu par de esporas, meu chapéu de aba larga,
Uma bruaca de carga, um berrante e um facão
O velho basto, o sinete e o apero,
O meu laço e o cargueiro, o meu lenço e o gibão,
Ainda resta, a guaiaca sem dinheiro,
Deste pobre boiadeiro, que perdeu a profissão.

Não sou poeta, sou apenas um caipira
E o tema que me inspira é a fibra de peão.
Quase chorando imbuído nesta mágoa,
Rabisquei estas palavras e saiu esta canção,
Canção que fala da saudade das pousadas,
Que já fiz com a peonada junto ao fogo de um galpão,
Saudade louca de ouvir o som manhoso
De um berrante preguiçoso, nos confins do meu sertão...

Baixe e escute com Pedro Bento & Zé da Estrada - Clique aqui


terça-feira, 5 de maio de 2009

Conversando com o Destino - Elsio Poeta


Um dia desses escutando "Aurora do Mundo" de Goiá na excelente interpretação de "Tostão & Guarany", me veio a inspiração e saiu este poema. Se algum "Compadre Músico" quiser transformar este poema em letra de música (quem sabe um cateretê desses bem "Xonados".rs), fique à vontade pois vai deixar este "Caboclo" muito orgulhoso.rs


-->Uma noite destas, falei com o “Destino” E ele com tédio, então, respondeu:
“_Desde que tu foste apenas “menino”
Esta dor secreta, no teu sangue correu.

Hoje és viajante no mundo do nada,
Seguindo a sorte que Deus lhe traçou.
Vai se arrebentando nas encostas da serra.
Aonde o homem erra...
Seu tempo acabou...”

Às vezes pergunto, nas horas amargas,
Porque minha sorte ao léu me deixou.
Meu barco vacila ao gosto das vagas,
Num mar de incertezas, meu sonho, boiou.

Hoje na distância, estou vegetando,
Pois a muito tempo deixei de viver,
Estou caminhando ao rumo do nada,
Seguindo esta estrada
Sozinho, a sofrer...

E quando solitário relembro o passado,
Parece que o tempo em mim não correu,
Eu fico, assim, um tanto cansado
Remoendo as dores, neste peito meu.

Quando eu relembro a infância querida,
Parece que a sorte comigo brincou,
E ainda sinto ser uma criança
Na efêmera esperança
Que o tempo levou.

Pergunto a Deus, se acaso o destino,
Por entre estas brumas, enfim me levar,
Se acaso é certo, em cruel desatino,
O ventre da terra, por fim desejar..?

Quem sabe assim, minha alma descanse,
Pois estou cansado, não posso negar,
Que ele me dê sua eterna guarida
Na terra querida
Que me viu sonhar...


Oceano da Vida - Zé Carreiro/José Fortuna

O que pode acontecer quando dois grandes poetas e músicos se encontram neste "oceano da vida"?
Só poderia resultar nisto: Uma obra-prima.
Obrigado, Zé Carreiro! Obrigado, José Fortuna!


Vejo no espelho o meu rosto envelhecendo,
Qual oceano após a sanha de um tufão,
A espuma branca são meus cabelos grisalhos,
Minha calvície é a praia da ilusão,

As minhas rugas são as ondas traiçoeiras
Que se avolumam com os fortes vendavais,
Meus olhos fundos são dois barcos naufragados
Que sobre as ondas não emergem nunca mais.

Novos amores para bem longe voaram,
Como gaivotas que se perdem sobre o mar,
A mocidade ficou longe como as rochas
Onde só as ondas da saudade vão beijar,

Vagando vou como um navio que perde o rumo,
Não encontro caís onde eu consiga me ancorar,
É tão pesada a bagagem dos meus anos,
Que está fazendo minha vida naufragar.

Refrão:

Meus lábios frios, já quase mortos,
Têm sido o porto, anos atrás,
Onde atracavam, lábios ardentes,
Hoje só resta a solidão no cais.

Baixe ela e escute com Zé Carreiro & Carreirinho - Clique aqui


Porto da Saudade - Ademar Braga/Dino Franco

Me encantei quando escutei esta moda com "Dino Franco & Fandangueiro". Linda..! Tanto a letra como a música.


O riozinho nasce lá no pé da serra
E vai crescendo até tornar-se ribeirão
Nosso amor também nasceu lá na infância
E cresceu tanto que virou grande paixão

No rio manso da nossa felicidade
Já navegamos ao sabor da correnteza
Até que um dia a tempestade traiçoeira
Nos transformou num oceano de tristeza

As enxurradas poluídas de maldades
Foram chegando e o riozinho transbordou
Nosso barquinho carregado de esperança
Não resistiu a tempestade, naufragou...

O vento forte foi levando nosso amor
Para bem longe onde a vista não alcança
Ondas cruéis separaram nossas vidas
E só nos resta mergulharmos na lembrança

Refrão:

E eu fiquei aqui no porto da saudade
Olhando as águas do meu cais de solidão
Quem sabe o vento me traz a felicidade
Que a muito tempo abandonou meu coração


Baixe ela e escute com Dino Franco & Fandangueiro - Clique aqui

Poente da Vida - Goiá/Dionilde Thomas




Confesso que quando escutei pela primeira vez esta moda, fiquei extasiado com sua beleza, tanto a letra como a música. Goiá tinha um jeito todo "seu" pra falar de saudade e de lembranças...



Amigo escute com calma
A minha pobre canção
Que traz lembranças da alma
Guardadas no coração
Há quase dezoito anos
Um sertanejo menino
Partiu seguindo o destino
Buscando uma ilusão
Só muito tarde entendeu
Que a sua felicidade
Era viver de saudade
Do seu amado sertão.


Marcado pela tristeza
Desesperado e aflito
Fez versos à natureza
E àquele solo bendito
Nas matas, campos e lagos
Encantos de uma terra
Citou o alto da serra
No amanhecer mais bonito
O astro rei majestoso
Pela manhã colorida
Pintando o quadro da vida
Na tela do infinito.


Que vida mais cor-de-rosa
A sorte deixou perdida
Na estradinha mimosa
De minha infância querida
Porque sou eu o caboclo
Que por missão ou vaidade
Deixou a felicidade
Na terra nunca esquecida
Quis o destino mandar-me
Sentir na grande cidade
O alvorecer da saudade
Já no poente da vida


Voltar não pude é verdade
A terra dos madrigais
Pra não morrer de saudade
Com a falta dos velhos pais
E hoje um tanto alquebrado
Pelas agruras da sorte
Espero antes da morte
Nos meus instantes finais
Que Deus permita que eu sonhe
Com aqueles campos de flores
Da terra dos meus amores
Que não verei nunca mais

Baixe ela e escute com Durval & Davi Clique aqui


Tatu..? Sim, com orgulho - Elsio Poeta

Há alguns anos atrás, um certo "Pseudo-Cantor Sertanejo" , estava num programa de TV quando lhe perguntaram sua opinião sobre a "Música Raiz", ele respondeu que quem gostava de raiz era "Tatu".
A partir daí o pessoal do Grupo Caipira Raiz começou a se tratar carinhosamente por "Tatu".
Na época tive a idéia de fundar uma comunidade no Orkut chamada "Eu sou tatu, e daí", conversei com o nosso querido Comp. Samuel, ele adorou a idéia e me falou pra mandar ver.
Foi assim que eu me inspirei para compor esta poesia:

Tatu...? Sim, com orgulho



Você nos chamou de Tatu, Tatu nós somos com orgulho
Nos alimentamos das raízes e você só de bagulho
As raízes nos fortificam, tornando-nos mais altaneiros
Não temos vergonha da origem e de sermos Brasileiros.

Nós somos Tatu lá do mato, a nossa espécie é "Canastra"
Gigantes por natureza e isto somente nos basta;
Você também é Tatu, mas é de outra raça: "Tatu-Bola";
Um bicho que quando se assusta, em si mesmo se enrola .

Seu habitat não é a floresta verde, povoada de mistérios
Seu habitat é a lama fétida das campas de um cemitério
Você se alimenta de lixo e de tudo que se decompõe
E nem ao menos se cala, e nem ao menos compõe.

O que sobra pra nós em orgulho, pureza e honestidade
Falta pra você em brio, bom gosto e originalidade
Sabemos cavar, nosso buraco é limpo e tem asseio
Você não sabe cavar por isso usa o buraco alheio.

Compadre! Faça um favor, deixa os Tatus sossegados
Pois Tatu quando se enfeza é um bichinho danado
Vê se fica quietinho,a sua prosa só empobrece,
Se você ficar calado, a "Boa Musica" agradece...