quarta-feira, 6 de maio de 2009

Mágoa de Boiadeiro - Índio Vago/Nonô Basilio

O que falar desta moda..? Uma verdadeira obra-prima que retrata tristemente a decadência de uma geração de verdadeiros heróis brasileiros: A Geração de Boiadeiros.


Antigamente nem em sonho existia
Tantas pontes sobre os rios, nem asfalto nas estradas
A gente usava quatro ou cinco sinueiros,
Pra trazer o pantaneiro no rodeio da boiada.
Mas hoje em dia tudo é muito diferente,
Com progresso, nossa gente, nem sequer faz uma idéia,
Que entre outros fui peão de boiadeiro
Por esse chão brasileiro, os heróis da epopéia...

Tenho saudade de rever nas corrutelas
As mocinhas nas janelas acenando uma flor,
Por tudo isso, eu lamento e confesso
Que a marcha do progresso é a minha grande dor.
Cada jamanta, que eu vejo carregada,
Transportando uma boiada, me aperta o coração,
E quando eu olho minha tralha pendurada,
De tristeza dou risada, pra não chorar de paixão.

O meu cavalo, relinchando pasto a fora,
Que por certo também chora na mais triste solidão,
Meu par de esporas, meu chapéu de aba larga,
Uma bruaca de carga, um berrante e um facão
O velho basto, o sinete e o apero,
O meu laço e o cargueiro, o meu lenço e o gibão,
Ainda resta, a guaiaca sem dinheiro,
Deste pobre boiadeiro, que perdeu a profissão.

Não sou poeta, sou apenas um caipira
E o tema que me inspira é a fibra de peão.
Quase chorando imbuído nesta mágoa,
Rabisquei estas palavras e saiu esta canção,
Canção que fala da saudade das pousadas,
Que já fiz com a peonada junto ao fogo de um galpão,
Saudade louca de ouvir o som manhoso
De um berrante preguiçoso, nos confins do meu sertão...

Baixe e escute com Pedro Bento & Zé da Estrada - Clique aqui


7 comentários:

Tunico da Viola disse...

Sabe Elsio, já estive pesquisando sobre o INDIO VAGO, e praticamente não tem informação. Eu fico sem entender como que determinados valores, são esquecidos dessa forma. Outro que eu procuro informação e quase não encontro nada, é o Caboclinho que fez parceria com o Serrinha. É quase impossível conseguir informações
sobre esses dois. Ou quando você encontra é meia duzia de palavras. Uma pena.

Dri Rodrigues disse...

Tunico
Sou sobrinha do Índio Vago, se quiser alguma informação, me escreva. dricca9@hotmail.com
Adriana

Rubens Janes disse...

Indio Vago! Conheci-o em 1956 aqui em Itatinga-sp; eu era um moleque de 12 anos de idade e a maior alegria era assistir a sua tourada, principalmente quando ele, montado no seu boi "se não me engano o "Manhoso", cantava algumas músicas de filmes famosos (Vale do Rio Vermelho) principalmente. Era a alegria de molecada. Tinha também o Anibal Turri e tinha também um sr. "Bola 7?" que fazia o papel de "Nega Maluca". Faz tanto tempo, mas a saudade é tamanha que sempre que ouço "Mágoa de Boiadeiro" me lembro do Índio Vago.

Roy Andrade disse...

Sou suspeito para falar sobre o meu pai e tb sobre MÁGOA DE BOIADEIRO, esse verdadeiro hino da música raiz. O que posso dizer, a princípio ( e partindo para o campo de suas criações poético-musicais ), é que INDIO VAGO está para a MRB ( Música-Raiz Brasileira) assim como Caetano Veloso está para a MPB. ÍNDIO VAGO é um dos maiores ícones deste universo tão pouco reconhecido e tão pouco presente nas rádios e outras mídias. Ao lado de Dino Franco, Teddy Vieira, João Pacífico, entre outros, ÍNDIO VAGO será sempre referência a todos e guardou eternamente seu lugar na história da música brasileira. Grande abraço.

RUBENS JANES disse...

Sabem qual é o problema da verdadeira música caipira, a música raíz? É que os jovens não conhecem as belezas da letras e nem se interessam pelo nosso cancioneiro popular, aquele que diz tudo o que existe de verdade na música caipira. Lembro-me bem, não faz tanto tempo. Houve uma festa do peão boiadeiro em minha cidade; adivinhem qual dupla ia se apresentar naquela noite? Nada menos que os grandes Pedro Bento e Zé da Estrada; sabem o que aconteceu? Diferentemente de quando é exibido o rodeio e a juventude está espalhada pelo recinto da festa, esperando a hora dos "mocinhos bonitos" se apresentarem para então invadirem o picadeiro; aconteceu que terminado o rodeio, quando foi anunciada a entrada da dupla a juventude quase que em peso saiu dos seus lugares para irem festejar nos espaços externos, ficando, talvez menos da metade dos expectadores presentes. Daí dá para perceber o quanto a juventude está alienada por não aceitar a verdadeira música cabocla tão desprezada por aqueles que dizem gostar da música sertaneja. Prá mim, música sertaneja é a autêntica moda de viola e não a que se expõem por aí, pois o verdadeiro sertanejo não vive nas cidades; quem vive nas cidades são os chamados "caipiras", pois o caipira deixou a fazenda e veio sofrer na cidade, enquanto o sertanejo tem horror às coisas modernas e portanto está totalmente errado o conceito de música sertaneja como se apregoa por aí. Música sertaneja deveria ser a moda de viola, o resto é apenas moda de periferia, ou seja moda de quem tem vergonha de se dizer caipira.

Renato disse...

Roy, boa tarde! Esta semana estive conversando com o Sr. Izaltino Gonçalves, autor da musica Boi Soberano dentre outras, me mostrou uma foto que estava junto com o Indio Vago. Uma bela foto tirada em 2001. Procurei saber sobre nos dias atuais mas não descobri nada, se puder me informar fico agradecido. Abraço

Ivan Rodrigues de Oliveira. disse...

O que representa Nono Basílio nessa música??? Alguém pode me dizer?